segunda-feira, 25 de julho de 2011

Eu sou um pedreiro sem massa – parte dois


Por @Tamyris_Torres


Quando nos vemos obrigados a publicar conteúdo incoerente

Jornalista é raça que entra na faculdade pretendendo mudar o mundo. Eu sei bem. Eu pertenço a ela. Anos depois você descobre que pode mudar o mundo, mas que antes precisa se sustentar. 

Dias desses, eu estava lendo Pierre Bourdieu e a opinião pública. Sabe aquele lance que quando não temos base para sustentar o nosso texto nós falamos que se trata de senso comum. Pois então: Senso Comum das aparecidas ajude-me a mostrar que o que eu penso faz sentido!

Bate o relógio na redação. São 8h da manhã e o seu deadline tem uma hora exata para gritar que chegou ao fim. Você naquele dilema nietzschesco sem saber para quem ligar e pedir uma opinião. Seu chefe quer e você não!

Seus textos sempre pautados em linhas de raciocínio que condizem com a demanda de sua editoria. Você se vangloria de escrever o que acha ser de grande valia até que recebe aquele pedido nada a ver só para divulgar um amigo de infância. 

 - Agora? Eu divulgo ou cumpro meu papel como jornalista e bato o pé que não?

Para o pedreiro, pior que não ter a massa é ter o concreto que se cair no chão se espatifa!
O jornalista mais convicto me dirá que batia o pé no chão. O menos conservador dirá que vai encontrar o meio termo nisso tudo e, o cara que está de saco cheio vai publicar. Seu veículo nem é tão conhecido assim mesmo, vai pensar. Diga ai que se na Globo você escreve o que quer que eu te digo que se o meu chefe me pedir para escrever banana com dois bes eu recuso. 

Eu gostaria de montar uma linha do tempo para saber onde que o movimento de esquerda massacrou o jornalismo. Porque se fala muito que a ditadura acabou por chicotear os movimentos do país. Mas, ninguém lembra que mesmo com a anistia corrompeu-se muita gente. Agora que eu nasci anos depois vou me preocupar com isso? Por quê? 

O problema não sou eu que escrevo o que meu chefe quer. O erro está na concentração de poder da grande mídia em poucas mãos. 

Uma andorinha só não faz verão. Se eu colocar a minha cabeça de baixo do trem você coloca em prol do desenvolvimento da liberdade de expressão?

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